Leitura: O despertar das sombras - Capítulo 15
- Gabriel Chico
- 4 de nov. de 2016
- 8 min de leitura

Autor: Gabriel Augusto
Publicação: Outubro de 2015
Tema central: Vampiros, família, amor e suspense
Páginas: 117
Capítulo 15
Quando chegou o mês de março.
Mês de chuvas potentes e firmes, com seus ventos rigorosos que arrastavam tudo o que ficava pela frente. Não tinha como refugiar-se do lado de fora da escola. E nem precisava, eu e Seth ficávamos na biblioteca o dia todo estudando como acontecia as transformações dos vampiros e as histórias dos bebês vampiros.
Notei que tentávamos fazer parte da Noite Eterna. Que irônico, fazer parte daquilo que um dia odiara.
- O que são covens? – Seth empurrou um pergaminho degradado manchado de amarelo para mim. – São tipo, tribos de vampiros mais velho?
- Basicamente isso. – Esfreguei a cabeça tentando achar a melhor forma de explicar. – É como se fosse uma família grande e poderosa de vampiros que reinavam muito tempo atrás, antes dos meus pais antes de tudo. Considere o antigo Egito um dos primeiros covens registrados na história vampírica.
Se você parar para pensar os vampiros são raças muito antigas, sobrevivendo as mudanças do mundo e se adaptando a ele. O Vampiro mais velho que eu conheço é um dos professores da Noite Eterna, o Sr. Osíris que morrera no século VIII. Me pergunto como ele conseguiu superar todas as perdas e se manter firme. Parece que viver para sempre não era tão bom assim.
Mas quando eu olho para Seth, penso que minha vida não faria sentido, se eu não passasse a eternidade com ele.
- Meus pais me contavam quando eu era criança, sobre vampiros que perdiam a noção de tempo e espaço e vagavam por aí matando sem piedade. – Só de relembrar essas histórias me dava calafrios. – Por isso a Noite Eterna foi criada, para manter os vampiros a salvo e consciente, tendo contato com a humanidade e preservando a vida humana.
- Nossa inacreditável. – Seth continuava a ler o pergaminho.
Quando chegou a semana de provas. Minha cabeça não tinha mais tempo para pensar em Seth ou na nossa transformação conjunta.
E recentemente começou a ficar estranho andar pelos corredores, uma vez que, todos sabem que Seth estava marcado como meu.
Todos os vampiros só tinham olhos para nós dois. O que me dava medo.
- Só o que me faltava Seth Gremory ser um vampiro como nós, imagine lidar com ele todos os dias. – Disse Diana com sua voz esnobe e arrogante. – Buze não iria gostar nada disso, ainda bem que ele não está mais aqui.
Buze realmente desapareceu, mas ninguém deu muito por falta, as únicas que lembravam dele era Chang a cópia chinesa e esbelta da Diana, e a própria Diana.
- Ignore ela. Ela tem só cinquenta anos a mais e se acha a última bolacha do pacote. – Eric falava enquanto lia o livro de antropologia.
Diana ficou vermelha e quieta. E eu não pude deixar de dar um sorriso no canto da boca.
A chuva batia com tanta força nas janelas da sala de estar do apartamento dos meus pais, que a qualquer momento poderiam quebrar. Raios iluminados atravessavam o céu, fazendo a noite escura parecer dia de novo.
Eric estava ajudando minha mãe na cozinha, enquanto Luci jogava uma partida de xadrez com meu Pai.
- Xeque-mate. – Disse Luci triunfante.
- A ora essa, não deveria perder para um aluno. – Meu pai parecia uma criança pequena chateada porque perdeu uma partida em um jogo de futebol.
- Supere Sr. Anton. – Disse Luci enquanto digitava em o seu celular rosa.
Meu pai ignorou as alfinetadas de Luci.
Seth estava com seus braços envolta de mim e minha cabeça apoiada em seu ombro se encaixava perfeitamente.
Vendo por uma outra perspectiva, parecíamos uma família humana normal, fazendo as mesmas trivialidades normais.
- Venham comer. – Gritou minha mãe da cozinha.
- Ótimo estou faminto. – Respondeu Seth.
Eric estava com um avental branco manchado de molho de tomate, colocando os talheres do lado dos pratos de porcelanato.
- Quer ajuda? – Me ofereci.
- Pegue os copos no armário, por favor.
Antes que eu pudesse me mexer para pegar, Seth andou com uma velocidade sobre humana pegando os copos no armário e distribuindo em seus respectivos lugares na mesa.
- Incrível. – Fiquei espantado. – Não sabia que você podia fazer isso.
- Nem eu. – Disse sem folego.
Todos ficaram encarado Seth como se ele fosse um alienígena.
- Já que está tudo pronto, vamos comer. – Eric cortou o gelo e todos voltaram a si.
Sentamos dando início a comilança.
Mamãe e Eric fizeram um banquete, macarrão à bolonhesa, várias saladas, arroz com uvas passas e carne de carneiro. E para beber o óbvio sangue.
- Prove a bebida Seth. – Disse minha mãe.
- O que é? – Falou desconfiado.
Todos ficaram se olhando.
- Você vai gostar. – Insistiu ela.
- Tudo bem então.
Pegou a taça de vidro vermelho e tomou um gole...
- Que nojo. O que é isso? – Seu rosto era de repulsa.
- Sangue de animal, isso deixa algumas coisas bem claras. – Disse meu pai.
- Prefiro suco de morango. – Seth limpou a boca com um guardanapo.
Todos riram.
Foi tudo normal durante a refeição. Papos aleatórios e historietas de eras atrás contada por Eric e Luci.
- Como foi difícil passar pelo período da peste negra. – Disse Luci, enfiando um pedaço de carne na boca. – Século XIV para mim, foi o pior século de todos. Eu me transformei nessa época quando um vampiro faminto se alimentou de mim até a morte. – Ele segurou o copo tão forte, que pensei que iria quebrar.
- Você não foi o único a morrer naquela época por um vampiro, setenta e cinco pessoas morreram pela doença ou quem era saudável morria pelas mãos de um vampiro, pois não tinha sangue o suficiente naquela época pandemonica que dizimou a Europa inteira. – Eric segurou a mão de Luci.
Senti um pouco de ciúmes, e sem motivo porque agora eu namorava Seth e dispensei Eric.
- É eu era uma dessas pessoas saudáveis. – Luci tirou a mão debaixo da dele.
- Sinto muito Luci. – Falei solidário. – Vamos mudar de assunto. Vocês sabiam que os ancestrais de Seth estudaram aqui a 150 anos atrás.
Seth apertou meu braço. Não tinha motivo para ficar com vergonha, estávamos em meio a amigos e família.
- Além que eu não sabia que aceitavam alunos humanos antigamente. – Continuei. – Pensei que só esse ano a Noite Eterna abriu “exceções”.
- E não aceitaram. – Pronunciou meu pai.
- Um humano entrou na Noite Eterna uma única vez... – Disse Eric.
De repente tudo aconteceu muito rápido...
Seth jogou a mesa por cima dos meus pais e de Eric. Eric levantou rapidamente e socou no estômago de Seth que caiu para trás. Com velocidade sobrenatural, Seth deu uma rasteira em Eric que caiu no chão.
- O que vocês estão fazendo, Parem! – Gritei.
Luci me agarrou por trás, impedindo de me mexer.
Minha mãe quebrou o resto da mesa, pegou um pedaço de pau correu até Seth e bateu em sua cabeça com força. Com adrenalina no sangue Seth saltou para cima dela quebrando seus braços, minha mãe gritou de dor.
Meu pai pulou e chutou Seth, que se esquivou rapidamente dando um outro chute no meu pai, que foi jogado para a parede.
- Seth o que você está fazendo, para! – Não entendia o que estava acontecendo, meu corpo entrou em choque e o pânico tomou conta da minha alma. – PARA! – Então como daquela vez quando briguei com Eric, os vidros das janelas, copos e prateleiras quebraram... voando estilhaços para todo lado, fazendo meus pais, Eric e Seth cobrirem os olhos. Luci se jogou para o canto da parede com seu corpo preso ao meu. Ele era o único que também não estava entendendo nada.
- Te amo Alex. - Gritou Seth, enquanto meus pais e Eric recobravam a visão. Ele saiu correndo degrau abaixo.
Eric e meu pai desceram logo em seguida...
- Segurem ele. – Gritou meu pai.
Luci me soltou e foi até minha mãe que estava caída no chão gemendo de dor.
- Isso vai doer Amy. – Ela berrou. E com dois puxões Luci colocou de volta os ossos dos braços da minha mãe no lugar.
Agora que eu vi que minha mãe estava bem. Sai pela porta tropeçando em cada degrau. Estava meio zonzo vendo tudo borrado.
- Peguem ele. – E barulho de vidros quebrados inundou o ar.
Corri mais rápido, mas acabei rolando nos últimos degraus cortando meu joelho no piso do chão. Os Alunos no hall de entrada ficaram pasmo sem compreender o que havia acontecido.
Levantei e tentei controlar os meus batimentos.
Fui até meu pai e Eric.
- Chamem a Sra. Barban. – Ordenou um professor.
- Eric o que está acontecendo? – Perguntei.
- Seu namorado é um mentiroso falso.
Antes que eu pudesse contestar. Sra. Barban apareceu com seu vestido longo e preto com detalhes em renda branca.
- O que está havendo Sr. Shener? Vim o mais rápido possível quando eu ouvi os barulhos. – Perguntou ao meu Pai.
- Seth Gremory, é da Espada Negra. – Disse ele.
A face da Sra. Barban ficou pálido e seus olhos se dilataram pôr completo em um azul escuro.
Nunca vi a Sra. Barban naquele estado. Ela não estava com medo, mas com raiva e surpresa.
E que raios é Espada Negra?
- O que aquele bando de assassinos pretende com um infiltrado na nossa escola? – Disse ela com sangue nos olhos.
- Vamos ir atrás dele, ele pode correr rápido, mas não tem nossa experiência, além do, mas ele está bem machucado. – Disse meu pai.
- Sr. Shener ainda não! Vamos montar um grupo de busca, para achar aquele bandidinho. Venha comigo, vou chamar os outros. – Ela esticou as mãos para cima e declarou. – Todos os alunos da Noite Eterna para seus quartos imediatamente até a segunda ordem.
Sem questionar todos foram para suas torres, vi Polly olhando para mim, com um olhar “ você vai ter que explicar porque seu namorado quebrou e fugiu pelo vitral”. Eu não fazia ideia de como contar para ela, o que aconteceu teria de mentir de novo.
- Eu também vou. – Eric cortou meus pensamentos.
- Não Sr. Freimen! Ficará aqui, junto do pequeno Sr. Shener tentando acalmá-lo para que ele não faça nenhuma coisa imprudente que se arrependerá depois.
- Tudo bem.
- E Sr. Shener quando pegarmos seu namorado farei questão de matar ele na frente de todos os vampiros da Noite Eterna. – Ela deu as costas e foi com meu pai para a sala dos professores.
Matar. Isso era um absurdo. Naquele momento eu pensei que iria morrer... não aguentaria ver Seth morrendo ainda mais na minha frente.
Lágrimas ardentes caíram dos meus olhos.
- Se acalme Alexander. – Eric nunca me chamara pelo nome completo, só quando estava bravo ou muito sério.
- Não brigue comigo. – Pedi chorando. – Imagine seus pais e seu amigo batendo no seu namorado ou namorada sei lá o que você é. – Disse. – Imagine seu amor revidando de volta, com socos e ponta pés. Então não me peça calma!
Ele colocou a mão no meu ombro em sinal de compreensão.
- Desculpa, não foi minha intenção.
- Quem são a Espada Negra? – De tantas perguntas essa foi a primeira que veio.
- É um grupo de caçadores de vampiros que nasceu na idade média, que não mata apenas vampiros desumanos, eles querem exterminar a raça vampírica. – Ele parou. Dava para ver a raiva saindo do seu corpo. – A 150 anos atrás, humanos não eram permitidos na escola, exceto aqueles que tinham dinheiro o suficiente para subornar o antigo diretor e para não iniciar um surto de desconfiança, o diretor começou a aceitar alguns humanos. E um deles foi o um membro da Espada Negra, ele roubou pesquisas feitas pelos vampiros junto com um livro com nossas fraquezas e habilidades, porém ele foi descoberto e com êxito conseguiu fugir, pelo mesmo vitral que o seu namorado escapou essa noite. – Ele suspirou. – Ele te enganou Alex.
Não podia acreditar.
Seth sabia onde estava se metendo, ele veio para Noite Eterna para matar todo mundo! Meus pais, Luci, Eric... todos. E se aproximou de mim no começo tentando me proteger das pessoas que me rodeavam, pensando que eu estava sozinho aqui nesse antro de vampiros. E quando descobriu a verdade, se aproveitou dela, permitindo que eu o mordesse novamente para possuir nossos poderes, para ficar mais forte e tentar nos destruir com facilidade.
Minha mente clareou e eu pude ver o que estava a minha volta. Fui traído pela pessoa que eu mais amava, aquela que eu pensei em passar minha eternidade junto.
Permiti que alguém me fizesse de trouxa de novo... e por qual motivo? Porque eu acreditei em suas boas intenções...
Porque eu não enxerguei antes?
Pela última vez!
Pela última vez vou chorar por alguém de novo. – Senti o meu corpo tremer.
Pela última vez vou deixar alguém se aproximar de mim. – Dessa vez senti meus olhos queimarem e ficarem em seu breu total.
E quando encontrar Seth na minha frente de novo...
Irei mata-lo.
Vingança. Era a única coisa que me importava naquele instante.
Acompanhe o livro:
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Epílogo
Anexos
Origem dos personagens
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