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Leitura: Paciente 0.2.0

  • Gabriel Chico
  • 11 de ago. de 2016
  • 12 min de leitura

A teoria de tudo

Autor: Sabrina de Ferreira


Publicação: Novembro de 2015


Tema central: Horror psicológico, manicômio, paciente, exorcismo e suspense


Capítulo único - Aslem, 1962.


Em um lugar não muito longe do centro de Carnville, há um manicômio, chamado Aslem, virando a esquina de Roseli, 314, especializado em pessoas possuídas – ou, ao menos, que pensam estar possuídas. Retendo também aquelas pessoas que são consideradas perigosas e com difícil entendimento psicológico. Portas trancadas, com janelas altas o suficiente para ninguém alcançar – mesmo que alcancem, há trancas por dentro e por fora –, sem contatos visuais, camisas de força, com apenas um pátio que fornece uma muralha de quase 10 metros de altura – que separa os pacientes do mundo a fora. Isso é tudo que se pode ver a olho nu, além de toda a coloração branca e bege-claro.

Dr. Stevh é o único doutor que, aparentemente, não tem medo de conversar e trocar olhares com os tais. Os trata como simples pessoas em um hotel cinco estrelas. Em troca ele sempre recebe um puxão de orelha amigável de seu chefe, que também é seu padrasto. Quando ele tinha dez anos, o Dr. Walterfold se casou com sua mãe, desde então ele sempre quis ver seu filho postiço vencendo e trabalhando na vida. E hoje, Carlos Daniel Stevh tem um emprego incrivelmente tedioso graças a Bernardo Walterfold. "Maldito padrasto", pensava Stevh.

Às terças e quintas, os pacientes podiam receber visitas, tanto de parentes quanto de jornalistas e de policias que queiram saber mais sobre certos casos específicos. A maior parte é sempre visitada por jornalistas ignorantes com seus cadernos de anotações nas mãos, com medo nos olhos e com o coração pulsando na garganta. As entrevistas são feitas em uma sala totalmente vazia e branca, apenas com duas cadeiras e uma mesa – brancas e feitas de plástico, encontradas no centro da sala. A sala branca localizava-se em uma parte de Aslem a qual não havia nada no andar, apenas a sala para encontros entre pacientes e outros. Certos objetos, como coisas pontiagudas ou até mesmo cadarços de tênis, não podiam entrar na sala. Como, também, em certos casos, os pacientes só podiam ser entrevistados com um ou dois guardas do lugar em estado de vigília. Os pacientes podem ser cruéis. Muito cruéis.

No dia 01 de março, terça-feira, tudo mudou dentro do manicômio. Dr. Stevh estava em uma de suas rondas do meio-dia por todo o perímetro, observando cada canto e cada pessoa. Piedro chamou a sua atenção naquele dia. Piedro Mighuel Santiago era um dos pacientes mais novos, tinha vinte anos de idade. Cabelo castanho, olhos amarelados e pele branca assim como seus dentes. Ele transmitia um ar de quem estava com medo e ao mesmo tempo de quem estava querendo causar medo. Sentado em uma cadeira sozinho, usando uma camisa de força como todos os indivíduos a sua volta, ele olhava para Stevh como quem estivesse pedindo socorro com os olhos, mas em vão. Dr. Walterfold estava por perto, e, interrompendo os olhares, ele se aproximou sem medo algum.

– 020? – chamou Dr. Walterfold. Esse era o número de identificação de Piedro, poucos sabiam os nomes dos pacientes, como Stevh, mas os números era algo que todos sabiam de trás para frente, até mesmo o faxineiro idoso, com cerca de 60 anos de idade. – Há um jornalista chamado Henri Peixoto, que deseja falar com você sobre seu caso, quer vê-lo?

Piedro acenou com a cabeça afirmativamente. Walterfold chamou o Stevh com um só estalo de dedos, ele deu uma corrida para chegar o mais perto possível no menor tempo. Conseguiu.

– Leve ele, o 020, para a nossa sala branca. – disse. "Esse era um belo nome para uma sala totalmente branca! Idiota!", pensou Stevh. – É a primeira vez dele lá, dê as regras ao caminho. – Walterfold fitou 020, e depois completou: Não se esqueça de apertar a camisa de força dele.

Após de afastar, Stevh fez o que ele mandará. Indo em direção a "sala branca", Piedro não parava de fitar o cavanhaque de Carlos Daniel Stevh. Quando começou a irrita-lo, Stevh dissertou sobre as regras.

– Bem, você terá de ficar sentado todo o tempo durante a entrevista, e se prometer se comportar ficará só você, o entrevistador e dois guardas do lado de fora. Será cerca de 30 minutos a entrevista, se depois precisar de mais tempo, iremos dar mais 15 minutos, e...

– Qual é o seu nome? – a voz de Piedro assustou Stevh. "Isso é puberdade triplicada, ou o que?", pensou.

– Stevh, Carlos Daniel Stevh... Olha, você necessita ser paciente. Nas entrevistas eles...

– Por que não é como os outros? – Piedro o fitará com um olhar de criança inocente, que por um segundo deixou Stevh meloso e sem estruturas para responder. E ele não parecia ter problemas mentais ou de "possessões". O que deixava Stevh mais encucado do que nunca.

– Bom, por que... Porque eu não sou todo mundo.

– Bela resposta. Frívola, mas bela. – o rosto de Piedro parecia infeliz e triste, como de um bebê com sono querendo a mãe. Um silêncio pairou sobre eles, deixando ambos desconfortáveis. A sala branca ainda estava vazia, com apenas um guarda a espera do lado de fora. Piedro fitou Stevh.

– O que foi? – perguntou Stevh. 020 olhou para seus próprios braços que estavam amarrados na camisa de força, imediatamente Stevh retirou os laços apertados que o prendia a roupa sem pensar duas vezes se aquilo era ou não uma boa ideia. Ao retirar por completo a camisa de força, Piedro estava com um olhar nunca visto antes por Stevh, era mal e assustadoramente calmo, mas, surpreendentemente, ele nada fez. Entrou na sala branca de cabeça baixa, e esperou sentado pelo jornalista. – Espere... – disse Stevh tentando fazer o tempo passar mais depressa. – Ele já vem.

Um homem baixo, com cerca de 50 anos de idade, cabelos pretos ralos, olhos bem escuros, quase totalmente pretos e com uma barriga alavancada para frente. Esse era o Henri Peixoto, um jornalista do Mundo Insano. Sentou-se sem dizer nenhuma palavra a ninguém, nem ao menos para o guarda. Quando viu que Piedro o olhava desde que entrou, ele pôs um sorriso falso em sua boca, tão falso que Piedro entendeu que não era uma entrevista amigável, era apenas perguntas sobre sua péssima vida e os acontecimentos sobre a mesma.

Antes que Peixoto pudesse entrar por completo na sala branca, o guarda que estava na porta recolheu todos os seus pertences que poderiam servir de armas para evitar uma possível morte. Enquanto ele era revistado, Piedro Mighuel reparou que em uma das paredes da sala branca, era, estranhamente, preta. Piedro não era burro nem nada, sabia muito bem que atrás daquele vidro preto havia homens os observando a cada segundo que se passava para total segurança de ambos os presentes no recinto, ele acenou com um olhar sombrio para o vidro, e em seguida olhou para as outras paredes e câmeras penduradas em cada canto da sala, havia uma janela trancafiada atrás dele, com arame e um cadeado velho. Peixoto entrou.

– Olá, sou Henri Peixoto e vim aqui para entrevistá-lo, sabe? Falar sobre o seu caso, como tudo aconteceu, se a arrependimentos, mentiras, verdades, consequências, algo mais que ninguém saiba... Pode me contar absolutamente tudo, ok? – disse Peixoto, recebendo um balanceio de cabeça afirmativo de Piedro como resposta. – Ok então, vamos a primeira pergunta: Está aqui há muito tempo, certo? – apenas novamente, Piedro Mighuel assentiu com a cabeça. – Quanto tempo, especificamente?

– Cinco anos. – sua voz parecia de alguém que acabou de acordar.

– Cinco anos? Então, você entrou aqui com quinze anos de idade? ...Nossa, por quê?

– Matei meus pais... E o padre. – seu olhar era de indiferença.

– E o que isso faz a entender que um garoto de quinze anos de idade está com possessão? Quero dizer, matar alguém o faz assassino, não um possuído pelo demônio, concorda 020?

– Não... Eu... Eu os matei após um exorcismo mal sucedido. Eles... – Piedro o fitou como quem perguntava com o olhar "Quer que eu continue?", o olhar de Peixoto estava respondendo sim. – Eles achavam que quando eu tinha oito anos de idade, eu era um possuído, então chamaram o padre Frei, porém em vão, pois eu... Eu fiquei chateado por não acreditarem em mim, não acreditarem que eu não estava possuído coisa alguma. A raiva se apoderou de mim de um jeito que até hoje eu lamento por cada segundo que eu os fiz sofrer, por nada.

– Como? – Peixoto sussurrou. Piedro hesitou, porém, prosseguiu:

– Quando o padre Frei viu que o exorcismo tinha sido mal sucedido, ele disse algo aos meus pais, que não pude ouvir. Mas na mesma noite, meus pais tentaram me matar queimado no forno da cozinha. Eles gritavam "Você é o demônio!", e "Não é meu filho!". Nesse instante eu pensei que iria morrer, mas então, a campainha tocou, era padre Frei querendo outro exorcismo, dessa vez com os outros padres. Eles ficaram falando para os meus pais que estavam certos em tentar me matar... E... Quando o segundo exorcismo começou, eu não estava mais em mim, era outra pessoa, alguém com mais raiva que eu mesmo de meus pais. Não sei explicar, era como eu ver tudo do lado de fora de meu próprio corpo. Primeiro o padre Frei, depois seus dois ajudantes padres, e por fim, meus pais.

– Por que eles achavam que você era um possuído?

– Não sei... Talvez, eu fosse quieto demais para a minha idade, eu era o único que tinha amizade com os monstros de baixo da cama... Eu me dava bem com as vozes em minha cabeça, nunca as obedecia, mas, mesmo assim, conversávamos. Tinha um amigo imaginário, ele era legal, também conversávamos.

– Sobre?

– Sobre tudo, tudo que um mero garoto de oito ou nove anos não conseguiria conversar com os pais ou com os amigos da escola, ou até mesmo com a professora da classe.

– Hm, soube que gosta de fazer listas... – lembrou Peixoto, tentando receber um balanceio de cabeça de volta, ou qualquer reação de Piedro, porém, nada. – Vamos fazer uma, sim? De um lado... – Peixoto, observou se os guardas olhavam, e então, pegou uma caneta escondida no bolso esquerdo de sua camisa azul, o que era proibido. – De um lado pessoas que você já matou, do outro, pessoas que você deseja matar. Não precisa mentir, não contarei nada a ninguém, isso irá ficar apenas entre nós dois, ok? Já escrevi o nome de seus pais e dos padres, mais alguém? – Piedro fez careta de que pensava no assunto, e então respondeu:

– Sim... Minha vizinha, Tereza South. Ela me viu matar meus pais, não queria testemunhas, mas esqueci de que os corpos uma hora ou outra iriam chamar atenção dos que passavam por perto.

– Vamos à lista de pessoas que você gostaria de... Matar, ok? – após Peixoto terminar, Piedro balançou afirmativamente sua cabeça.

– Walterfold... O dono de Aslem. – desabafou Mighuel. Walterfold ouvia tudo que eles falavam pelo outro lado do vidro preto, e já sabia que não seria surpresa alguma ele estar na lista de Piedro, todos fitaram Walterfold já o considerando carne morta, ainda atrás do vidro. Dr. Stevh gostou de saber disso, mas estava apreensivo em ser o único a temer uma caneta entre eles. – Ahn... Aquele segurança que está na porta. Eu não sei o nome dele, mas também não é preciso, ele me chama de coisas feias... Não gosto disso. – ele apontou para o homem da porta ao falar isso. – E... Vincent Carter, também. – Vincent Carter era o segundo dono do manicômio. Ele também estava a ouvir tudo aquilo atrás do vidro preto junto de Walterfold, Stevh e outros cinco.

– Só? Pode pôr mais alguém na lista, se quiser. – Peixoto acabará de dar a deixa perfeita para Piedro falar o que pensava, desde o início da entrevista. Piedro se inclinou para frente deixando todo o peso de seu corpo cair sobre os seus cotovelos em cima da mesa branca.

– Henri Peixoto... – ele sussurrou. Henri ficara totalmente imerso em seu medo, não disse nenhuma palavra a 020 e tentou o máximo que pode fingir que aquilo não abalaria sua estrutura física e mental. – Estou brincando. – Piedro deu um belo sorriso falso, igual ao que Peixoto o dera antes da entrevista começar.

– Ufa... – Peixoto deu um suspiro de alivio, e depois uma risada como quem fingira não acreditar. – Você, é diferente... Enfim, quer me dizer algo que ainda não disse a mais ninguém? – Piedro assentiu com a cabeça. – Então, me diga.

– Não posso falar – Piedro começou a sussurrar. – As paredes têm ouvidos... – Ele estendeu a mão para pegar de Peixoto à caneta esferográfica azul, por um instante ele hesitou e olhou para trás a fim de conseguir manter um contato visual com o guarda, entretanto, o guarda não olhará de volta. Com isso, ele cedeu-se e estendeu a caneta a ele. Piedro escreveu no pedaço de folha da lista do seu jeito torto, visto que o desuso da escrita era inegável, mas escreveu.

"Ajude-me", era tudo que Peixoto conseguia ler pelo garrancho. Ele respondeu no mesmo papel "Como, meu caro?", ao dar-lhe de voltar a Piedro. Walterfold e Vincent conversam sobre o que eles estavam falando um com o outro, eles queriam intervir, mas Stevh insistira em deixá-los a sós por mais uns minutos, como era o combinado. Piedro respondeu na mesma folha, porém na parte de trás da mesma: "Eu sei como posso sair, mas você precisa me ajudar.". Mais uma vez Peixoto escreveu "Como, meu caro?", Piedro observava o papel atentamente, parecia não entender o que estava escrito, ou então, tentava pensar em uma maneira a qual o responder. Depois de alguns segundos encarando o papel, 020 escreveu e o entregou a Peixoto, entretanto continuou com a caneta entre os dedos. Ao ler, Peixoto o encarou com medo, dessa vez ele não estava a brincar. Sem nem um aviso prévio ou alguma palavra gritada antes, Piedro se levantou, subindo sobre a mesa em questão de pouquíssimos segundos, enfiando a caneta esferográfica azul no pescoço de Peixoto e a afundando de um jeito doloroso e desumano. Jorrando então sangue para os lados. De algum modo, ele parecia saber o lugar mais vulnerável de um pescoço humano.

– Obrigado! – sussurrou Piedro ao pé de seu ouvido.

Sangue. Muito sangue saia do pescoço de Peixoto, imediatamente o guarda do lado de fora entrou e apontou uma arma comum para a cabeça de 020, mas ele foi tão rápido que conseguiu pular em cima do guarda e fazê-lo atirar, propositalmente, na janela com arame e um cadeado velho atrás dele. A janela ainda insistira em permanecer fechada. Walterfold e Carter correram o máximo que puderam para sair de lá e chegar a tempo na sala branca, mas alguém havia fechado a porta pelo lado de dentro. Um policial, amigo de Walterfold, atirou contra a porta e ela se abriu. Todos foram para a sala em que tudo ocorria. Dr. Stevh retardava a corrida, pois a velhice e os maus costumes o atacaram juntos naquele mesmo instante. "Caralho, só eu envelheci, aqui?", pensou ele. "Ou só eu que não participo dos treinos?"

Piedro conseguiu abrir a janela, tirando partes do arame com seus próprios dentes. Sua boca sangrava, mas ele parecia não sentir dor alguma com tal ato de insanidade de uma maneira bastante paranormal. Após ter atirado nos guardas um e dois, depois de ter visto Peixoto dando seu último suspiro ainda com o papel na mão o fitando, e ver Walterfold gritando "Parado!", apontando uma arma, que retirou no policial, a ele. Piedro pensou: Pulo? Seu pensamento foi interrompido por Stevh, que se enfiou na frente da arma de Walterfold contra 020.

– Piedro! Não faça isso! – gritou Stevh, mas foi sem resultado. Piedro já havia pulado do 10º andar sem nem pensar duas vezes, os alarmes nem tocaram, pôs todos acharam que ele havia morrido na queda.

– Você é um idiota! – gritou Walterfold. – Ele escapou, por sua causa! Você está com seu emprego em risco! Agora, você está ferrado! Perdemos o garoto mais misterioso que valia milhões só por estar vivo e ser um dos maiores assassinos do mundo, e você o matou!

Walterfold o empurrou, tirando-o da direção e foi até a janela, vendo 020. Jogado ao chão, com estilhaços de vidro por todo o rosto, incluindo um dentro do pescoço de Piedro que jorrava sangue. Não dava pra ver direito, por causa da distância, mas era algo que ele nunca irá esquecer, e com certeza, iria dormir vendo aquele rosto rasgado. O que mais o impressionou, foi ver que o corpo de 020 caiu além dos muros do manicômio, algo que é extraordinariamente misterioso e impossível. Ele saiu de perto da janela e foi rumo à porta de entrada e saída para conversar com outros guardas e policias que vieram junto a Henri Peixoto, que poderiam tirar logo o corpo dele do meio da rua para não chamar mais atenção.

Ao ver que Walterfold já havia o esquecido por alguns minutos, enquanto conversava com uns homens uniformizados perto da porta de entrada, Stevh atravessou a sala branca e se direcionou, pondo grande parte de seu peso nas mãos que estavam sob a janela quebrada, ele olhou para baixo. E a surpresa veio à tona deixando-o boquiaberto, Piedro Mighuel não estava mais deitado com vidros no corpo, ele, simplesmente, havia sumido. Stevh olhou para os lados do local, à direita, não havia nada – apenas carros e uma rua deserta. À esquerda, havia alguém em pé o fitando-o. Será? Não poderia ser possível. Mas sim, 020 estava de pé o olhando como se nada estivesse acontecido. Com sua roupa branca e cara de quem é, puramente, inocente, no entanto ainda havia sangue por todo ele e o pequeno pedaço de vidro ainda estava cravado em sua garganta.

– Walterfold! – urrou Stevh, meio alegre talvez. "Ele vai engolir todas as palavras que disse sobre mim, canalha!", alegrou-se. – Walterfold, aqui! – repetiu. Haviam seis homens pela sala branca.

– Caramba, você não vê que eu tenho coisas melhores a fazer do que cuidar de um bebê chorão que nunca cresce? – Walterfold gritou chamando a atenção de todos, deixando claro que este era seu objetivo. – Tenho um trabalho de verdade! Um trabalho que não se resumi em matar meus pacientes... Consegue entender isso? – Um silêncio gritante estava com eles desde esse momento, mas Walterfold, então, completou: O que você quer? – sem gritar.

– Nada... – disse Carlos Daniel olhando para seu padrasto que estava a ponto de começar a espumar pela boca, e dirigindo seu olhar a 020, que ainda o fitava parado, sem expressar qualquer feição. Stevh repetiu em um sussurro: Nada...

Piedro fez um meneio com a cabeça como quem agradecia, mesmo estando a dez andares abaixo dele. Stevh fez o mesmo, mas ele teve a sensação de que Piedro não o viu, pois já estava a correr caminho a fora pela calçada da rua direita. Stevh se desviou da janela seguindo em direção à mesa, que estava jogada ao chão, ele não queria sequer poderia tocar no Henri Peixoto, pois era um local de assassinato agora, porém, algo o intrigou. Havia um papel amassado nas mãos de Peixoto, deveria ser o mesmo em que eles escreveram segundos antes de tudo acontecer. Sem ninguém ver, ele se abaixou e pegou com todo o cuidado possível. Então ele leu:

"Ajude-me"

"Como, meu caro?"

"Eu sei como posso sair, mas você precisa me ajudar."

"Como, meu caro?"

"Você precisa morrer, para que eu possa ser livre. Perdão."

 

Baixe o texto em pdf: clique aqui.

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