Leitura: O despertar das sombras - Capítulo 12
- Gabriel Chico
- 14 de out. de 2016
- 6 min de leitura

Autor: Gabriel Augusto
Publicação: Outubro de 2015
Tema central: Vampiros, família, amor e suspense
Páginas: 117
Capítulo 12
Ao invés de correr pela floresta procurando-o. Não o fiz, voltei para meu quarto entrei por onde tinha saído. Luci ainda dormia, fui ao banheiro e vi meu rosto pálido e ensanguentado, fiquei com medo de mim mesmo.
Coloquei meu pijama e me joguei na cama. Sabendo que eu não conseguiria dormir.
Levantei da cama com os olhos inchados. Não preguei os olhos a noite todo pensando no que aconteceu. Tomei um banho já era 7:30 da manhã. E corri escada abaixo para encontrar Seth esperando que eu pudesse explicar tudo para ele. Chega de mentiras, chega de meias verdades e de omissões.
Quando cheguei na sala dele, perguntei a uma aluna se ela o tinha visto, mas ela disse que ele havia saído logo depois da prova. Com esperança de vê-lo no corredor, apressei para encontra-lo.
E nada...
Subi em seu dormitório bati na porta e ninguém atendeu. Empurrei a porta e ela estava aberta.
- Seth? Can? – Ninguém respondeu
O Quarto tinha aquele ar de meninos bagunceiros, deduzi que a cama com roupas jogadas e parede com pôsteres de games e séries era de Can e do outro lado com lençol branco estendido sem nenhuma ruga e parede limpa apenas com um quadro de Passion de Leonid Afremov um artista contemporâneo romancista, era de Seth. Uma obra intensa de cores vivas de pinceladas rápidas e precisas que contrastava com a parede branca. Eu me imaginava sendo a mulher retratada na pintura, uma mulher linda e sendo amada pelo seu amor.
Fui em até a janela abri as cortinas azuis e olhei para baixo em lugar nenhum. E avistei um monte de alunos. Hoje era o dia em que os pais buscavam os alunos para passar as férias de natal e ano novo, a maioria dos alunos eram humanos é claro, só alguns vampiros passavam as férias em outro país curtindo a vida com champanhe e festas.
Um carro preto parou e Seth foi na direção dele, ele abriu a porta do sedan e entrou.
Droga ele foi embora, será que ele iria voltar? O será que ele contaria para alguém o que viu? Eu não pude nem me despedir...
Um aperto no coração e uma tristeza latejante dominou meu ser.
- É triste quando alguém que a gente ama vai embora.
Can apareceu trazendo uma mala de rodinhas marrom escuro.
- É, é bem triste.
- Hey, se você quiser pode ir comigo e com meus pais para o México, sinta-se convidado.
- Obrigado Can, mas tenho que ficar com meus pais.
- Tudo bem então até daqui dois meses.
- Até.
Nos abraçamos e fui para o apartamento dos meus pais.
Polly, Can e principalmente Seth se foram e sabe lá Deus se iriam voltar. Ficaria vagando por essa escola sozinha durante dois meses inteiros.
- O que te aflige meu anjo? – Mamãe veio até meu quarto enrolada em seu roupão rosa.
- Nada não, só queria que meus amigos estivessem aqui.
- Eu entendo. Vamos para cozinha seu pai está fazendo o almoço.
Levantei-me do chão e desci com a minha mãe.
O Cheiro de comida estava saboroso dava água na boca. O que eu não entendia era porque meus pais comeriam comida humana se não fazia diferença alguma para o estômago deles.
- Vampiros comendo carne assada, não parece piada de mal gosto?
- Alexander não estrague meu almoço com sua negatividade, natal está aí e estou muito empolgado.
- Desculpa, não está mais aqui quem falou.
Meus pais adoravam o natal, algo em ter a família reunida nessa ocasião era maravilhoso para eles.
- Dê graças a Deus por ter uma família com pai e mãe, que te ama e te respeita. Não são todos os vampiros que tem essa sorte.
- Conhecer seu Pai foi a melhor coisa do mundo e ter você foi a melhor sensação e prazer de todas... amo os meus dois meninos. – Mamãe beijou minha testa e deu um selinho no papai.
Revirei os olhos.
No decorrer do almoço, comemos o banquete que papai fez e conversamos sobre diversos assuntos aleatórios. Só não falei sobre Seth saber sobre mim, eles não precisavam saber.
Voltei para o quarto e coloquei o fone de ouvido e apertei play para que começasse a tocar o CD da banda Mono, amava aquela banda japonesa instrumental. E fiquei deitado na minha antiga cama. Olhei para janela e gotas de neve começaram a cair.
Pulei da cama coloquei a bota, um casaco quente e cachecol e fui lá para baixo.
- Pai estou indo lá fora.
Antes que ele pudesse falar algo, já tinha saído.
Chegando lá fora levantei meu rosto deixando as partículas de neve caírem. Era gelado e refrescante. Adorava a neve sempre achava ela mágica e relaxante.
Me sentei na escada e curti aquele momento.
- Posso sentar com você? – Eric estava de pé do meu lado.
Balancei a cabeça em sinal de sim. Sem forças para continuar uma discussão sobre um assunto que aconteceu semanas e semanas atrás.
- Olha, eu realmente estou arrependido de ter feito aquilo. Se você soubesse da minha história, talvez entenderia.
- Tente. – Foi o máximo que eu poderia dizer naquele momento.
- Bem você sabe que eu sou bem velho. Nasci de um estupro entre meu pai europeu e minha mãe negra escrava durante o século XV nas grandes navegações. – Meus olhos voltaram para ele, e ele estava olhando para além do horizonte, como se fosse difícil lembrar daquilo tudo. – Não fui aceito por nenhum dos dois lados, cresci e me virei sozinho quando desci da embarcação na Europa, sempre senti uma necessidade de ter uma ou duas pessoas que me dessem atenção, esse tipo de atenção que eu nunca tive. Eu realmente te amo Alexander Shener e eu me sinto muito mal por tudo o que eu fiz você passar. E eu estou tentando mudar... estou sozinho agora, coisa que eu não fazia a séculos.
Ele fez uma pausa.
- Eu sei que não tem desculpas pelo o que eu fiz e você não precisa aceitar meu perdão. Mas eu precisava falar tudo isso, precisava ser sincero com você.
- É uma história e tanto. – Me sensibilizei com tudo, eu não conseguia imaginar como é ser negado pelos próprios pais. Algo que independente do tempo não cicatriza.
– Tudo bem Eric, eu te perdoo... só que não peça confiança, porque é uma coisa que eu não posso te dar ainda.
Ele olhava para mim.
- Eu gostava de estar ao seu lado, de passar meu tempo com você e dos nossos momentos juntos... não tem desculpas para quem trai a confiança e o amor de outra pessoa. Mas não vou guardar mágoa e nem raiva, porque nossa existência pode ser eterna... e eu não quero levar esse peso nas minhas costas. – Será que Seth pensava assim também, em relação ao que viu?
Ele me envolveu com seus braços fortes e me abraçou.
Ficamos abraçados por um longo tempo vendo a neve cair em silêncio.
Pensando na tarde que eu passei com Eric, resolvi escrever um e-mail para Seth.
Seth.
Eu não sei como começar essa carta.
Tanta coisa para dizer, que dava para escrever um livro. Peço desculpas por ter descoberto a verdade daquela maneira. Agora vejo que poderia ter sido melhor se eu fosse totalmente sincero com você.
Sim, eu sou um vampiro, ou quase um e muitos dos que vivem e estudam na Noite Eterna também são.
Antes de tudo, queria lhe pedir que não contasse isso a ninguém, não por mim, mas pelos meus pais, pelos os alunos e pelos nossos amigos, eles não têm nada a ver com isso. Então peço para deletar essa mensagem depois de lê-la.
E se você não quiser mais falar comigo e nem voltar para a escola. Eu entendo.
Só quero que saiba, que eu te amo mais que tudo. E obrigado pelos momentos maravilhosos que passamos juntos.
Adeus...
Pensei na profecia da velha bruxa e fiquei imaginando se era isso o que ela queria dizer com. – Cravando no peito o início do caos. E a cura de todos os males... é a mesma para afastar a morte... – Fiquei com medo.
Nunca tinha sido tão sincero com alguém em toda minha vida. A conversa que eu tivera com o Eric mais cedo, mostrou que não quero guardar mágoa ou raiva de ninguém enquanto eu vivesse.
Com o passar dos dias, continuava indo para aquele sala vazia no laboratório de informática, com esperança de receber na minha caixa de entrada, um e-mail de Seth...
Todos os dias que fui foram em vão, pois nunca tinha uma mensagem dele.
O Natal chegou e comemorei com meus pais e pedi para eles convidarem Eric para passar a ceia com a gente. Eles não gostaram muito da ideia, mas não questionaram. Foi uma ceia cheia de risos e histórias mais antigas que eu já ouvira. De todo modo, Eric parecia realmente mudado.
O Ano novo foi quase a mesma coisa, exceto com a parte da minha cabeça quase enlouquecer sem nenhuma resposta de Seth. Ele realmente me odiava? Espero que eu não me arrependa de ter escrito a carta.
Minha mãe me ensinou que sinceridade demais não era boa. Rezo que dessa vez a minha honestidade não tenha causado um mal pior.
Se Seth decidisse voltar para mim eu iria fazer tudo diferente. Tudo da maneira correta.
Acompanhe o livro:
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Epílogo
Anexos
Origem dos personagens
Baixe o texto em pdf: clique aqui.
Comments