Leitura: O despertar das sombras - Capítulo 11
- Gabriel Chico
- 7 de out. de 2016
- 10 min de leitura

Autor: Gabriel Augusto
Publicação: Outubro de 2015
Tema central: Vampiros, família, amor e suspense
Páginas: 117
Capítulo 11
- Você tem que se afastar de Alex.
- Mas Sr. e Sra. Shener...
- ... não tem, “mas”, não tem, “porém”. Alex está passando por uma transformação dolorosa e imprevisível, olha o que aconteceu hoje de manhã! Tem uma sala toda destruída e meu filho está na cama de um hospital.
- Não sabia que isso iria acontecer.
- Independentemente da transformação dele, você traiu nossa confiança... traiu o amor que ele sentia por você.
Acordei com vozes que embalavam a sala ao lado.
Era um quarto branco e frio, lençóis verdes posto em cima de mim me aquecendo. Uma grande janela de um espesso vidro ficava a minha frente. E atrás dele estavam de pé meus pais e Eric.
- Acordou é.
Sentado na poltrona cinza do meu lado, Luci repousava.
- Oi. O que está acontecendo?
Tentei ficar sentado, porém meu corpo pesava demais.
- Hey fique sentadinho bonitinho... seu corpo ainda está fraco, você não se lembra de nada?
- Um pouco... Gritava com Eric, cacos de vidros voavam por toda parte e depois... Escuridão.
- Aquele idiota te abordou perguntando o que tinha acontecido com o Seth e tudo mais e você surtou. Bem a cara da Diana fazer isso, pegar o homem dos outros.
- Cadê ele? Cadê ele? – Seth entrou na sala de espera. – O que Eric está fazendo aqui?
Antes que pudesse falar, Seth deu um soco na cara de Eric fazendo ele cambalear para trás.
Meu pai ficou entre eles.
- Parem os dois, aqui não é lugar de brigar. – Meu pai se erguia de modo majestoso e amedrontador.
Tentei ficar sentado de novo... outra tentativa falha.
- Seu namorado é muito estressadinho.
- Luci vai lá fora pelo amor de Deus e pede para o Seth entrar.
- E agora sou seu pombo correio?
- Luci!
- Estou indo.
Luci saiu do quarto e chamou Seth. Meus pais sabiam que aquele não era o momento de conversarmos sobre o que havia acontecido. Eu tinha que acalmar Seth primeiro.
Ele entrou no meu quarto pegou meu rosto e me deu um beijo demorado.
- Finalmente. Estava preocupado com você.
- Não precisa eu estou bem! – Beijei ele de novo.
- Me conta o que aconteceu, sua mãe disse que você teve uma convulsão e veio para cá.
- É fiquei muito nervoso quando Eric veio falar comigo, foi isso.
- Aquele bastardo arrogante. Como ele se atreve?
- Mas agora eu estou bem, então vamos seguir em frente.
Gostaria que isso fosse verdade, porém eu sabia que isso era mentira. Cansei de mentir...
Os outros dias foram tudo bem.
Eric sabia que não poderia chegar perto de mim, Sra. Barban deixou isso bem claro.
- Eu não sei o que aconteceu naquela sala, e não me importo com drama adolescente. – Seus olhos saltavam para fora, nunca vi ela tão brava assim. – Que isso não se repita mais, se não os dois vão ser expulso da escola Noite Eterna. E Sr. Freimen fique longe do Sr. Shener... percebemos que você não é bom para o desenvolvimento dele.
- Vou fazer o melhor Sra. Barban. – Tristeza, era isso que estava estampado na sua face.
Ainda não entendia o que tinha acontecido comigo aquele dia na briga, só não queria que voltasse a acontecer.
Quando eu e Seth fomos juntos a Seedwood com a excursão da escola. Passamos o dia todo junto. E foi perfeito...
Entramos em uma lojinha no final da rua, longe de todo o movimento. Ela era uma casa de coisas usadas, um brechó. Em sua fachada tinha um letreiro escrito – Maria Biju Brechó. – Abrimos a porta e um sino tocou.
Uma mulher de meia idade com estilo hippie e com cabelos tingidos de loiro amarrados em um coque deformado, vestia um kimono preto com flores de cerejeiras rosas e calça nude que parecia um pijama.
- Olá meninos, o que a velha Sra. Demétria pode fazer por vocês? – Ela gesticulava suas mãos com graça.
- Só estamos dando uma olhadinha. – Me apressei em dizer.
- Por favor, sintam-se à vontade. – Virou-se e entrou para porta de longas cortinas roxas.
A loja tinha de tudo. Desde roupas de velhinhos a brinquedos de cordas para crianças. Me encantei com o lugar... ele tinha um toque antigo, mas ao mesmo tempo um vigor futurista em certas peculiaridades.
Algo chamara minha atenção, um colar...
... com uma corrente fina de cobre e nele pendia um pingente. – Não pode ser. – Era aquela rosa azul do meu sonho... a rosa que eu não podia tocar, porque os espinhos não deixavam.
- Alex, o que foi amor? – Seth seguiu meu olhar e encontrou o colar cobre com uma rosa azul.
- Nada não.
- Como nada! Seus olhos estão brilhando. Sra. Demétria. – Gritou. – Sra. Demétria.
- Já vou, já vou. Nossa como é impaciente esses meninos de hoje. – Ela passou pelo o corredor de roupas masculinas e chegou no mostruário de joias. – Que foi menino?
- Quanto custa essa peça?
- Não é peça mocinho é um colar. Um colar tibetano, uma relíquia feita a quatro mil anos antes de Cristo, então não o esnobe. – Seus olhos furiosos fuzilavam Seth.
- Desculpe, desculpe não quis ofender. Quanto ele custa?
- R$300,00.
- Por que tão caro? – Seth questionou.
- Ele é uma relíquia, qual é a parte que você não entende? – Ela revirou olhos.
- Seth esquece, é muito caro não precisa.
- Ah. Então é para um amor que você quer comprar! Deem suas mãos. – Ela pegou nossas mãos, segurou contra o peito e fechou os olhos.
Senti um arrepio percorrendo meu corpo. E depois... um vislumbre.
Guerra.
Pessoas morrendo.
Gritos pavorosos.
Seth em meio ao fogo.
E tudo ficou escuro.
Tirei minha mão do peito dela
- O que foi isso? – Voltei a mim ofegante.
- Sua Bruxa, o que você fez? – Seth estava irritado.
- Calma meninos... muita calma. Sim, eu sou uma Bruxa e não, eu não fiz nada com vocês. – Ela parou e suspirou. – Só queria ver se o amor de vocês dois era forte o bastante para superar o que está por vir.
- Mas o que era tudo aquilo. – Fiquei abismado com tudo que eu vi.
- O seu futuro Alex... e o futuro de Seth estão ligados. Um poema resume o início da vida de vocês.
Então Demétria disse.
- O fogo pulsa nas veias da escuridão,
Que fogo? Do que ela estava falando?
- E a espada justa ergue-se à luz, fazendo derramar a guerra na noite.
Guerra? Espada?
- Cravando no peito o início do caos. E a cura de todos os males...
Ela suspirou.
- É a mesma para afastar a morte...
- Alex vamos sair daqui, chega de ouvir profecias de uma velha louca.
Seth pegou minha mão com força e andou pisando firme até a porta.
- Espere. – Demétria gritou. – Aqui está o colar.
Envolveu o colar em meu pescoço e ele emanava uma certa magia.
- Obrigado Sra. Demétria, mas não vamos comprar
- Considere um presente e quando você olhar para ele lembre-se “o amor é a razão da existência” e ele irá te ajudar um dia – Ela virou-se novamente e se perdeu em meios aos corredores de roupas e brinquedos.
Apesar de estar assustado, eu sabia que ela só tinha boas intenções.
- Eu não sei porque você aceitou esse colar idiota. – Seth balbuciou quando chegamos na rua.
- Não precisava ter sido grosso com ela.
- Não gosto de pessoas dizendo como vai ser ou não o nosso futuro. – Até grosso ele conseguia ser fofo.
- Está bom Sr. bravinho, vamos voltar para o ponto já são 17:30.
Chegando perto da onde deveríamos encontrar todo mundo para ir embora, havia uma multidão reunida em um círculo de fofocas e falatório.
- Aconteceu alguma coisa? – Seth perguntou para Can.
- A Polly, ninguém acha ela em lugar nenhum.
Meu coração parou. Polly não era do tipo imprudente para sair assim do nada, alguma coisa tinha acontecido com ela e espero que não tenha sido nada de mal.
- Vou procurar meu pai para ver se eu posso ajudar em alguma coisa.
- Eu vou com você. – Seth se pôs na minha frente.
- Não, melhor você ficar para ver se ela volta.
- Tudo bem. – Percebi certo desapontamento em sua voz.
Corri entre o aglomero de pessoas até encontrar meu pai.
Ele e outros professores discutiam sobre o que fazer em relação a Polly.
- Anton, você está encarregado de olhar nos limites da cidade. Eu e os outros vamos olhar no centro e nas lojas. – Falava um Professor baixinho com atitude de um grande comandante do exército.
- Pai vou com você. – Entrei no meio da conversa
- O que uma criança poderia fazer em situação dessa? – Disse o professor baixinho com uma voz arrogante.
- Eu sou o melhor amigo dela, sei onde ela poderia estar.
- Tudo bem Valentim, meu filho vai comigo. – Sem questionar o professor se calou e levou os outros professores com ele,
- Que cara grosso, espero não ter aula com ele.
- Ele é da época das grandes navegações é o jeito dele mesmo.
- Está explicado.
Fomos correndo em direção a ponte, nos limites da cidade.
- Pai eu sigo daqui sozinho, eu sei que a água não faz bem para você. – Água corrente dava algum tipo de vertigem nos vampiros e que por enquanto esse problema não me atingiu.
- Cuidado Filho! Se você se sentir perdido lembre-se das estrelas, elas te guiarão para onde quiser.
- Obrigado pai.
Atravessei a ponte e corri entre os pinheiros majestosos que se estendiam até o céu, pisando no mar de folhas secas que cobriam o chão. E ouvi.
- Para de ser chato cara, me deixe em paz. – Essa não era a voz de Polly?
- O que é gatinha? Parece que a gente não se conhece. – Esse tom de deboche e superioridade me lembrava alguém.
- Buze... é sério deixa eu ir embora. – Ah! Bento Buze, aquele garoto ridículo que sempre brigava com Seth e perturbava todos os humanos da escola. Seu comportamento era sombrio e revoltoso, parecia que algumas atitudes dele eram de propósito.
Fiquei agachado em meio aos arbustos ouvindo esperando a hora certa de intervir.
- Polly, Polly... você só irá sair daqui quando eu quiser e eu não estou afim de te soltar agora.
Olhos verdes de Polly arregalaram-se e eu senti um calafrio sombrio percorrendo minha nuca. Agora fazia todo sentido, Polly provavelmente andava sozinha pela cidade quando encontrou Buze e para se afastar dele ela foi andando e andando até que chegou no meio do nada, exatamente onde ele queria.
- Hey. – Gritei.
- Sai daqui garoto intrometido. – Disse Buze com uma voz estridente e áspera.
- Alex? Graças a Deus, não estava aguentando mais esse garoto me atormentado. – Polly correu para trás de mim tremendo.
- Calma amiga, esse sem noção não vai mais te perturbar.
- Fique fora disso Alexander, você acha que é o único que pode burlar as regras?
Fiquei pálido. Buze sabia do ocorrido na noite do baile.
- Do que ele está falando Alex? – Polly continuava tremendo.
- Se você não for embora eu irei contar a Sra. Barban, e você sabe muito bem do que ela é capaz.
Finalmente deixei ele com medo.
- Tudo bem, estou indo embora, mas não vou desistir da linda e meiga Polly.
Polly de imediato segurou minha mão mais forte. E Buze correu em meio aos galhos e troncos.
- Pronto, não precisa ficar com medo ele já foi. – Tentei acalmá-la.
- Garoto louco, ele me seguiu até aqui e não me deixava ir embora. Ainda bem que você apareceu.
-Vamos sair daqui.
Voltando na mesma direção que eu fui. Consegui chegar na ponte e meu pai estava encostada no pilar de madeira que sustentava ela.
- Que bom que vocês estão bem, estava preocupado.
- Relaxa Sr. Shener, Alex me salvou daquele maníaco do Buze.
Meu pai olhou assustado para nós dois.
- Depois te explico pai.
Retornamos para o ponto de encontro dos alunos, e uma van ficou a nossa espera para que púdessemos voltar para a escola.
Chegando lá eu e Polly relatamos o que havia acontecido e Sra. Barban logo percebeu as intenções de Buze. Ela puniu-o tendo que limpar a sala de arquivos e não podendo sair da escola.
Quando Polly e eu passávamos perto dele, seus olhos jorravam ódio puro, era tão assustador que eu nem gostava de chegar perto.
- Alex, ultimamente eu ando ouvindo barulhos na minha janela e eles me assustam muito e estou tendo os piores pesadelos do mundo com muita morte e sangue.
Por que algo me dizia que era Buze que insistia em aborrecer Polly.
- Não deve ser nada amiga pode ser o vento ou os morcegos, você sabe que tem muitos aqui.
- É pode ser.
Naquela noite eu vesti uma calça preta de veludo para me proteger da ventania congelante da noite e um suéter preto de gola alta.
- Vai procurar por um lanchinho? – Luci perguntou, coberta por diversas edredons.
- Sim, os esquilos estão em suas tocas por causa do frio. – Aprontei em dizer.
- Bon Appétit. – E voltou a dormir.
Era normal os alunos saírem para lanchinhos noturnos, por, mas que seja contra as regras da escola.
Subi no parapeito da janela e saltei na árvore mais próxima. Me pendurei em seus longos braços de madeiras e pulei de novo até chegar no telhado.
Tentando lembrar como chega a torre das meninas, andei bem devagar. Se os inspetores da Sra. Barban me vissem aqui eu com certeza seria expulsa. Andei mais um pouco até encontrar a janela onde ficava o quarto de Polly.
Eu sabia... lá encontrava-se ele, pendurado de ponta cabeça dando leve toques no vidro da janela.
- Psiu.
- Se afaste daqui Alexander. – Com um pulo sobrenatural ele ficou de pé no telhado poucos metros de mim.
- Buze qual é o seu problema? Para que tudo isso?
- Para que? Para que? – Seu ar irônico sombrio me dava horripilação. – Você sabe bem como é provar o sangue de uma pessoa viva e como é sentir o frescor do sabor.
- Desça comigo se não vou falar com a Sra. Barban. – Meu coração começou a disparar. Precisava me manter no controle.
- Conte, fale, fofoque para aquela velha idiota. – Ele levantava seus braços esqueléticos e horrendos. – Eu não me importo mais e ela não acreditaria em você.
- Ah é ...
Mordi seu antebraço.
Sangue de vampiro era grotesco. Não tinha paladar e sua textura grossa era nojenta. Ele só servia para um proposito, sugar as imagens do momento vivido naquele instante. Alguns vampiros anciões podem ver o passado inteiro de um outro vampiro apenas com uma mordida, mas eu não era desse tipo. Quando mordi Buze pude apenas absorver ódio junto com rancor e desejo de estraçalhar Polly. Um desejo profano e imundo.
- O que está fazendo? – Ele tirou seu braço das minhas presas.
- Agora a Sra. Barban vai saber o que você fez. Ela te excomungara daqui.
- Sua aberração da natureza. – Ele saltou direto para o chão sem se agarrar a nada e sumiu escuridão a dentro
- Alex?
Uma voz surgiu em meio a escuridão.
Por favor que não seja ele. Que não seja ele.
Virei e olhei para baixo... era Seth coberto com a sombra das árvores e com seu cabelo refletindo a luz da lua fazendo com que ele ficasse mais vermelho.
- Seth? – Entrei em pânico.
E agora o que eu faço? Se eu pular e ficar frente a frente com ele, posso assusta-lo.
Dei um passo para frente com intenção de descer, no entanto ele recuo.
Óbvio que ele iria recuar meu rosto tinha sangue de Buze e minhas presas estavam a mostra brilhando com o toque da lua. Ele deu outro passo para trás.
- Espere eu posso explicar. Por favor me deixe explicar. – Comecei a chorar.
Ele andou sempre olhando para mim. Provavelmente com medo que eu o atacasse e se perdeu na densa floresta.
Acompanhe o livro:
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Epílogo
Anexos
Origem dos personagens
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