Leitura: O despertar das sombras - Capítulo 10
- Gabriel Chico
- 30 de set. de 2016
- 6 min de leitura

Autor: Gabriel Augusto
Publicação: Outubro de 2015
Tema central: Vampiros, família, amor e suspense
Páginas: 117
Capítulo 10
Já era de noite quando cheguei no meu dormitório, tinha esgotado todas as minhas energias cuidando de Seth e me estressando com os novos dons que eu ganhei.
Precisava dormir e esperava que conseguisse sem ter nenhum pesadelo ou lembranças da noite trágica do baile.
- Ainda acordado?
- Me arrumando para dormir você não está vendo? – Luci sendo Luci.
- Eu queria falar com você mesmo. – Ele me olhou intrigado. – Queria agradecer por ter me ajudado com Seth aquele dia e não ter espalhado para escola toda o que realmente aconteceu. Obrigado mesmo.
Um minuto de silêncio.
- Não fique pensando que não vou cobrar esse favor que fiz para você e não espere que vou ficar fazendo trancinhas no seu cabelo afro, contando sobre quem eu acho mais bonito se é o Damon ou Stefan. – E o momento de amizade acabou naquele momento.
- Nossa Senhora, não tem como ser mais grosso, hein Luci? – Me virei para pegar os lençóis na cômoda.
Me joguei na cama e apaguei meu abajur. Luci fez a mesma coisa.
-Alex! Não tem de quê... – Disse baixinho.
Sorri. Mas não deixei ele ver. Luci não era tão mal assim, apenas complicado. Talvez ele usasse esse seu jeitão meio agressivo como um mecanismo de defesa, só Deus sabe o que ele já passou em seus anos de existência.
Estava em um cemitério
Entre vários túmulos e estátuas de anjos da morte. Um pouco a minha frente tinha uma multidão de pessoas vestidas com mantos longos e pretos, parecia uma reunião de demônios. Todos quietos.
Cheguei mais perto. Era uma cova aberta... e dentro havia um caixão de vidro com rosas azuis e no meio dele...
Seth.
Quando as pessoas demônios perceberam minha presença. Começaram a gritar.
- Sua culpa!
- Você o matou.
- Assassino.
- Saia daqui.
Entrei em desespero. Eu tinha matado Seth? Como? Por que?
Acordei sem ar e suando. Olhei para o lado e Luci não estava no quarto. Levantei e peguei uma garrafinha de água no frigobar e abri as janelas. Sentei no parapeito e permiti que a brisa gelada refrescasse minha alma e mente.
Se não bastasse os pesadelos, ainda pensava no que o Eric fez comigo, nunca mais queria encontrar com ele, ver ele, falar com ele... queria que ele morresse.
Em um surto de raiva soquei a janela.
E quando eu vi o formato do meu punho marcado na lateral da janela, percebi que eu tinha que me acalmar.
- Que força. – Pensei... eu me encontrava no auge da minha transformação. Tudo tinha um formato, uma vibração diferente de antes. Um novo mundo que se abriu para mim, e eu achava esse novo mundo apavorante e ao mesmo tempo fascinante.
- Que a Lua me dê forças, para sair dessa.
Pensei. – Lua minguante em seu esplendor brilhava a cima da minha cabeça.
E uma onda de tranquilidade passou por mim. Rezei, pedindo que amanhã fosse melhor do que hoje.
Acordei, fui para o banho e enquanto me arrumava para ir ao apartamento da Sra. Barban. Bateram na porta.
- Já vou! – Disse para quem quer que fosse do outro lado da porta.
A pessoa continuou batendo incessantemente.
- Pode esperar? Que saco. – Praguejei.
Quando abri a porta ,Polly e Can entraram me empurrando.
- Alex! Graças a Deus você está bem. – Can disse.
- Amiga o que aconteceu no baile? Não ti vi lá e depois ficamos sabendo que Seth se machucou quando estava com você. – Ótimo daqui a pouco a escola toda vai ficar fazendo interrogatório.
- Nada demais, Seth bateu a cabeça enquanto andávamos e foi apenas isso. Desculpa se preocupei vocês, não era minha intenção. Não fui vê-los antes por que estou de suspensão.
- Suspensão? – Os dois gritaram juntos.
- Sim. Sra. Barban achou errado sair do baile para ir na floresta. – Mais uma mentira.
- Aquela velha louca. – Can sempre falando suas besteiras engraçadas.
- Tudo bem. Vou ficar duas semanas sem aula.
- Quero ver você recuperar isso tudo.
- Polly não deixe a garoto pior ainda.
- Desculpe.
Revirei os olhos
- Eu estou indo ver o Seth, querem ir comigo?
- Claro que sim. – Can fez uma mesura e correu até a porta. - O que estamos esperando? Vamos logo.
Passar a tarde com Seth foi divertido, ainda mais com a presença de Can e Polly. Seth já podia levantar da cama e tudo mais, só não poderia fazer muito esforço, ou seja, não se meter em brigas. O que seria difícil, sabendo como é o temperamento dele.
O resto da semana ocorreu tudo bem. Ainda sem poder assistir às aulas, foquei em fazer os trabalhos finais de final de semestre... que eram muitos. E nos tempos livres quando acabava a aula de Seth, eu me juntava a ele.
Deixei claro para ele que não queria nada no momento. Não consegui esquecer o que Eric fez comigo... E nem poderia.
Perdoar nunca, e jamais esquecer. – Foi isso que disse a mim mesmo.
E enquanto isso iria aproveitar os momentos bons ao lado das pessoas que eu amava, isso incluía Seth.
Igual ao fim de tarde de quarta-feira, depois da aula de sociologia. Quando eu, Seth, Can e Polly fomos no campo atrás do apartamento da Sra. Barban fazer piquenique.
- Passe o sanduíche de atum. – Can pediu a Polly, enquanto estava com um pedaço de bolo na boca.
- Mas sua boca está cheia. – Polly ficava irritada com o jeito destrambelhado de Can. Acho que ela gostava um pouco dele.
- E daí? Minha boca não vai ficar cheia para sempre. – Can deu de ombros.
Era engraçado quando os dois brigavam.
Seth pegou uma colher de salada de fruta e colocou na minha boca.
- Tem como ser mais romântico? Eca! – Polly revirou os olhos.
- Tem como ser mais chata? – Can retrucou imitando a voz de Polly.
Era tudo tão idiota que me fazia rir. Momentos assim me deixava feliz... E nesses momentos eu esquecia de tudo o que acontecera na noite do baile.
Quando a suspensão acabou. Tive que colocar tudo em ordem... ainda bem que Luci ne ajudou com isso.
- Alex me faria o favor de devolver meu caderno?
- Desculpa. – Peguei ele da minha bolsa e entreguei. – Obrigado de novo, me ajudou bastante.
- Aí. Tá bom tá bom. – Colocou o caderno preto com estrelas brancas em sua bolsa da Chanel bege com o símbolo da marca estampada no centro.
Nem ao menos esperou terminar de me arrumar e já foi saindo.
Descendo as incansáveis escadas da torre com meu uniforme brega da Noite Eterna, encontrei-me no final delas pensando em como seria a minha volta às aulas. Admito que estava com um pouco de medo, além do mais, eu não sabia exatamente como tinha prosseguido os boatos de Seth e o acidente.
Andando pelos corredores para ir a aula de Português, notei que todos olhavam para mim e burburinhos e cochichos espalhavam-se enquanto andava rápido para sala.
- Me desculpa. – Gritei. Quando trombei com alguém virando a curva quase chegando a sala.
Abri os olhos e me deparei com olhos grandes de tom verde negro.
- Alex. – Disse Eric.
Não suportava a ideia dele pronunciar o meu apelido. Meu estômago embrulhou e meu coração começou a disparar... E antes que eu pudesse ter uma crise empurrei ele o mais forte que pude e corri em direção a sala.
Ele caiu.
E com uma velocidade sobre humana ele levantou pegando meu braço. E me jogou para uma sala vazia mais próxima.
- Qual é o seu problema? – Sentia as minhas veias saltando.
Sede...
Ódio...
Minha mente e corpo começava a sair do controle.
- Eu que pergunto? E por que seus olhos estão dilatados dessa maneira?
Sínico! Como ele ousava falar comigo, depois de tudo o que ele fez? Como ele ousava falar comigo, com esse tom, fingindo que não acontecera nada?
Em um momento ele odiava aquela cadela loira e na outra estava se agarrando com ela no baile.
- Você não vem para aula faz semanas. Procurei você por toda parte, quando eu fiquei sabendo que você estava cuidando do Seth. O que aconteceu com você no baile?
- Não fale o nome do Seth. – Tinha que me controlar. – A culpa é sua por eu ter cuidado dele. – Não vou perder o controle. – Eu vi você beijando a Diana.
Ele arregalou os olhos e parou de falar.
- Ficou sem reação? Até quando iria continuar essa palhaçada? Por que fez isso comigo? – Tarde demais, meu senso se perdeu em meio os gritos e a raiva.
- Desculpa, desculpa, desculpa... aconteceu.
Essa era a melhor desculpa dele! Aconteceu.
Soquei a mesa escolar branca, para tentar me acalmar... ela se partiu em dois. Dois pedaços de madeira com aros metalizados jogados no chão.
- Quando aprendeu a fazer isso? – Seu rosto sem expressão ficou me encarando.
- Quando eu quase matei Seth por sua causa.
Só lembrar daquilo me deixava mal. Com vontade de chorar e ao mesmo tempo... Matar.
Sentir o sangue de novo em minha boca. Não qualquer sangue... o dele. De Seth.
Uma onda de calor passou por todo meu corpo me dando calafrios. Tinha que sair dali.
- Você o mordeu? – Já basta... Não queria pensar nisso.
- ERIC CHEGA. – Meu grito ecoou na sala fazendo com que os vidros das janelas quebrassem.
Cacos de vidros voaram para todo o lado. Alguns estilhaços vieram como um tiro de uma arma, cortando o rosto de Eric.
E de repente... ficou tudo escuro.
Acompanhe o livro:
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Epílogo
Anexos
Origem dos personagens
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