Leitura: O despertar das sombras - Capítulo 05
- Gabriel Chico
- 26 de ago. de 2016
- 7 min de leitura

Autor: Gabriel Augusto
Publicação: Outubro de 2015
Tema central: Vampiros, família, amor e suspense
Páginas: 117
Capítulo 05
- Então meu filho vai com o Eric Freimen para o passeio da escola! – Meu Pai pronunciou essa frase com orgulho. Sim, às 15:30 da tarde dessa quarta, era o passeio para cidade ao lado, uma vila chamada Seedwood. Eu estava muito empolgado, pois era a primeira vez que eu saio da Noite Eterna e dos arredores Deeswood. Tudo bem que não tinha muita coisa para fazer no centro de Seedwood, mas era melhor do que ficar todo o dia olhando para as mesmas gárgulas e para as mesmas torres.
- Ele parece ser legal. – Minha mãe, sempre sendo mãe. Eric me convidou para ir com ele... e eu aceitei, apesar da noite passada ter sido intensa com Seth.
- Sim ele é legal... Pai não sei por que tanta alegria! É só um passeio de estudo com um cara da minha sala. – Eles não precisam saber que eu fiquei com ele uma vez, não era a hora para discutirmos isso.
- Eu sei Alex, filho... mas mostra que você está se enturmando e isso me deixa muito feliz. – Meu pai sabia como dar um sorriso de felicidade que podia contagiar todo mundo.
Sorri de volta.
- Eu só vim pegar minha bolsa, que eu acabara deixando aqui.
- Volte sempre que quiser filho, aqui continua sendo sua casa. – Apesar das palavras da minha mãe serem reconfortantes, aquela não era minha casa. Não era... e nunca vai ser.
Me despedi deles e voltei para o meu dormitório para arrumar as coisas.
- Luci! Eu não sei com que roupa eu vou hoje. – Estava em frente da porta do banheiro com a tolha amarrada ao corpo.
- Ah, Alex não me enche. – Teve uma pausa dramática no ar. – Mas como eu sou uma boa pessoa, tenho certeza que eu tenho parentesco com a Madre Teresa, eu te empresto alguma coisa. – Eu tenho certeza que você tem parentesco com Lúcifer.
Ele foi em seu guarda – roupa e tirou de lá um cardigã de linho com uma estampa psicodélica em roxo, azul e preto. Ele era lindo.
- Que lindo Luci!
- Eu sei querido. E nem uso mais, mas continuo achando ele lindo.
Voltei para o banheiro, por que eu não sou igual ao Luci que sempre se troca na minha frente. Coloquei uma blusa de algodão na cor cru e uma calça Capri jeans escuro com a barra dobrada, na minha cabeça encontrava-se um chapéu coco preto e calcei meu all star clássico preto e branco.
- Com certeza você está estiloso. – Esse foi o primeiro elogio sincero que Luci já fizera.
- Sério? Nossa valeu mesmo, o seu cardigã deu um certo charme.
- As minhas peças sempre têm charme e elegância. – Ele riu de um jeito esnobe. Estava tão feliz que nem liguei. – Bem... querido colega de quarto se divirta.
- Eu ainda não entendo por que você não vai.
- Pelo simples fato de que a cidade é chata e a escola vai estar totalmente vazia, ou seja, festa a tarde toda.
Agora eu sei por que tantos alunos não quiseram ir para festa, especialmente os alunos “Noite Eterna”
- Ok, ok... boa festa para vocês. Eu vou indo.
- Tchau, até mais tarde. – Ele acenou com um sorrisinho malicioso e por fim saí do quarto.
Chegando lá fora onde o ônibus estava, tinha uma fila imensa na frente dele. Apertei os olhos para ver se eu achava Eric e acabei me deparando com o Seth me olhando. Eu não sabia que ele iria, mas enfim hoje eu estou com o Eric.
- Oi estranho. – Dei um pulo. Eric estava por de trás de mim com um sorriso largo e lindo. – Podemos ir?
- Que susto Eric seu idiota! – Fiquei meio sem graça. – Vamos sim. – Ele pegou minha mão e fomos em direção a fila, e nesse momento não conseguia mais ver Seth na multidão.
Entramos no ônibus e sentamos nos dois últimos bancos vazios, na última fileira. Tirei o chapéu e coloquei no meu colo, e pus minha cabeça no ombro dele. Parecia aquela perfeita cena romântica de filme. Eu realmente gostava de estar com ele, talvez mais que do Seth. Eric era cavaleiro, gentil, bonito e sempre surpreendente.
Indo em direção a ponte, para que pudéssemos chegar a cidade, Eric segurou minha mão muito forte.
- Ai! Eric. O que foi? – Fiquei assustado quando eu olhei para os olhos dele e não vi expressão alguma e ele estava mais branco do que de costume. – Eric? O que foi? – Perguntei de novo.
A ponte acabou e ele voltou a si.
- Desculpa, é só que eu tenho medo de pontes.
- É um medo bem peculiar, mas tudo bem já passou. – Ele se virou e me beijou, aquele beijo doce de sempre.
- Chegamos! – Disse o motorista.
Todos desceram correndo para fora do ônibus amarelo escolar. Os monitores e professores estavam em um círculo discutindo onde cada par deles estariam na cidade. Avistei meu pai e minha mãe. Eu sabia que eles estariam aqui, e espero não esbarrar com eles enquanto estivesse com Eric na cidade.
- Onde vamos? – Perguntei.
- Cinema antigo... o que você acha?
- Demais! Não sabia que tinha um aqui. – Mais entusiasmado que eu, acho que não tinha ninguém. Adorava filmes antigos.
- Então vamos... – Ele pegou minha mão e fomos em direção ao cinema.
A cidade tinha um ar todo antigo e antiquado, o que deixava ela ainda mais diferente, exótica... magnífica da sua maneira. Eu passei aqui uma vez quando me mudei para a escola, porém não tinha reparado muito bem nela. Casas e mais casas, comércios e mais comércios, como em um cenário de um filme baseado no século passado.
- Aqui estamos. – Eric apontou para uma galeria que tinha várias lojinhas enfileiradas e no final delas um cinema com um letreiro gigante em vermelho.
- O que será que está passando?
- Psicose de Hitchcock.
- Amo esse filme, melhor dos melhores clássicos do terror.
O melhor filme clássico de terror, é que eles não precisam apelar para o erotismo para prender o público, e nem desperdiçar 50 litros de sangue para impressionar e amedrontar o telespectador.
- Anthony Perkins! O homem dos meus sonhos... lindo, ótimo ator e além de tudo, bissexual uma coisa que não atrapalhou em nada na sua carreira.
- Pensei que o homem da sua vida era eu! Chateado – E ... fiquei sem graça de novo.
- Você sabe como me deixar constrangido.
- Gosto de te deixar sem fala. – Seus olhos estavam me encarando, como de uma águia em sua presa. – Mas mudando de assunto, porque você acha que a bissexualidade dele poderia impedir na sua carreira?
- Bem... pelo simples fato daquela época não ser a mesma que a de hoje. Preconceito nos anos 60 a 80 predominava, sabia disso?
- Isso é verdade. Agora chega de falar e vamos ver seu falecido marido ter surtos de psicóticos.
Compramos os ingressos e cometemos um dos maiores clichês dos cinemas que foi sentar na última fileira onde a luz não atrapalha e os olhos de curiosos não pode nos ver. Janet Leigh estava linda na telona e Perkins lindo como sempre... Como um cara tão bonito poderia ser tão mal? E por que ficamos afim do cara que não presta? Será que Seth tinha razão sobre Eric? Não! Acredito que não, Eric não era esse tipo de estereótipo idealizado pela mídia. Ele era melhor do que isso. Não era?
Depois do cinema andamos um pouco pelas ruas de Seedwood rezando para que os meus pais não aparecessem, iria ser uma situação muito estranha.
Melhor sair da rua.
- Estou com fome. – Tudo para sair da rua e entrar em um lugar onde não pudesse encontrar meus pais.
- Tem uma lanchonete ali na esquina, podemos ir lá!
- Pode ser.
Na esquina encontrava-se uma lanchonete linda no estilo dos anos 80, com poltronas vermelhas e piso de azulejos xadrez, e na parede discos de vinis pendurados de forma disposta.
- Nossa! Voltamos no tempo, onde John Travolta era o queridinho das meninas.
- Seu senso de época é incrível.
- Não é para menos meu pai é professor de História.
Entramos e sentamos na primeira mesa em frente a grande vitrine de vidro. Não tinha muita gente sentado. Quer dizer, além da gente tinha mais dois casais e um grupo de amigos. A garçonete era loira com uniforme bem adequado para o lugar, estava vestindo um vestido azul e um avental branco amarrado na cintura.
- O que vão querer? – Mascando chiclete de boca aberta. Sem modos.
- Um suco de abacaxi com Hortelã e um X-salada. – Apesar de o meu maior motivo de sair das ruas era por causa dos meus pais, eu também estava com fome.
- E você gatinho? - Ela olhou para ele e passou aqueles dedos magricelas no cabelo dele.
Que atrevida? Que garota oferecida.
- Suco de laranja e um X-bacon. Gata!
Ótimo.
- Já vou trazer. – Ele saiu requebrando aquela bunda reta em direção a cozinha.
- Gatinho então! – Sorri de um jeito sarcástico.
- O que eu poderia fazer, ser grosso com ela? – Ele deu de ombros.
- Enfim... vamos mudar de assunto eu não sei nada sobre você.
- Meu nome é Eric Freimen, sou mais velho que você, tenho 1,90 de altura e sou bissexual igual ao seu falecido marido Sr. Perkins.
- Eu não quero saber o que já sei. Me fale alguma outra coisa mais interessante. – Nesse momento olhos deles me fitaram, e pude ver um toque de maldade neles.
- Teria que te matar se eu te contasse. – Apesar de ser brincadeira meu corpo se arrepiou todo.
- Sinta se a vontade em me matar, não tenho medo da morte. Mas é sério agora, como você chegou aqui na Noite Eterna.
- Bem digamos que estava vagando por aí sem casa, sem comida, sem um desejo de viver. E foi quando a Sra. Barban me achou e me acolheu para Noite Eterna. E aqui estou eu... sentado em uma lanchonete dos anos 80 com um garoto mais jovem que eu e que tem os melhores lábios que eu já provei.
Antes que eu pudesse falar, a garçonete abusada estava de volta com nossos pedidos.
- Meu número docinho, me liga quando quiser. – Minha vontade era de jogar o suco na cara dela, mas não iria ser aquele tipo de pessoa que dá ataque de ciúmes na frente de todo mundo. No papel estava escrito. – Com amor Britney 99865-742.
Que ótimo final de noite.
Acompanhe o livro:
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Epílogo
Anexos
Origem dos personagens
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