top of page

Leitura: O despertar das sombras - Capítulo 02

  • Gabriel Chico
  • 5 de ago. de 2016
  • 7 min de leitura

A teoria de tudo

Autor: Gabriel Augusto


Publicação: Outubro de 2015


Tema central: Vampiros, família, amor e suspense


Páginas: 117


Capítulo 02


Ainda chocado com o ocorrido, subi as escadas em direção ao apartamento dos meus pais, com esperanças deles estarem dormindo. Perdi totalmente a vontade de fazer uma cena dramática igual as novelas mexicanas. Abri a porta e encontrei a minha mãe arrumando a mesa para o café da manhã. Ela mostrou aquele sorriso acolhedor.

- Acordou cedo Alex, foi caminhar um pouco?

Sem a menor vontade de contar o aconteceu nessa amanhã inusitada. Apenas balancei a cabeça afirmando que sim.

Meu pai saiu do quarto vestindo o roupão azul escuro com uma cara de preguiça:

- Bom dia família! Mas já acordado Alex? Está ansioso para começar às aulas?

Definitivamente não era isso, mas como eu fiz com a minha mãe, eu apenas balancei a cabeça de novo afirmando que sim. O que mais eu poderia falar? Falar de novo que eu estava infeliz com essa mudança repentina? Falar que estava magoado por deixar meus amigos da vida toda para trás? Não tinha mais o que dizer, eles já sabiam o que eu pensava.

- Já que todos estão aqui, vamos comer. – E foi assim que minha mãe cortou os meus pensamentos de puro desgosto com essa nova vida.

Depois de comer, meus pais se levantaram e voltaram para seus aposentos. Eles juntos com os outros professores deveriam estar no comitê de boas-vindas mais cedo antes dos alunos chegarem. Meu pai Anton Shener era professor de História, sua pele era negra como a minha, mas diferente de mim meu pai era uma versão mais nova e musculosa do ator Will Smith. Já a minha mãe Amy Shener era professora de Artes, ela era pequena do tipo “vontade de abraçar e levar para casa” e ao contrário do meu pai, mamãe tinha a pele branquinha da cor da neve e seus cabelos eram castanhos e longos, todos tinham inveja daqueles cabelos sedosos e brilhantes e seus olhos tinham um tom de mel. E eu? Eu era gay, tinha a pele negra, de estatura média e com o corpo normal e meus olhos eram castanhos claro. Eu não era nada surpreendente, apenas um em um milhão e absolutamente não tinha aparência deslumbrante dos meus pais.

Ao contrário dos outros pais, os meus eram tranquilos em relação a minha condição sexual. Um problema a menos para eu ter que lidar, me sentia sortudo por ter pais compreensivos e amorosos.

Eu continuei sentado fingindo que estava comendo o bolo de milho que minha mãe fizera no dia anterior. A única coisa que me animava era que eu iria encontrar o Seth de novo.

- Alex por favor, não vá se atrasar ok?! – Meu pai estava na porta do seu quarto me olhando sério.

- Tudo bem pai, já vou me arrumar. – Levantei da cadeira sem coragem nenhuma de me arrumar, no entanto era preciso.

Tomei um banho bem quente. Fui para meu quarto abri o guarda-roupa e lá estava ele, aquele uniforme odioso da noite eterna. Comecei vestindo aquela blusa social branca e o suéter preto com o emblema da escola um corvo em cima de uma flecha, vesti a calça jeans e coloquei a botinha de couro que eu amava. Meus pais já tinham saído. Saí pela porta que minutos atrás eu acabara de entrar e desci novamente pelas escadas que acabara de subir.

O Salão encontrava-se cheio de pessoas agora, com rostos e corpos inacreditavelmente perfeitos, todas falando ao mesmo tempo formando um coral de vozes estranhas.

E de repente todos olhavam para mim.

Por que todos eles ficavam me encarando? Será que eles perceberam também, que não faço parte desse mundo? E de súbito todos voltaram as suas conversas aleatórias com seus grupos.

Eu só queria encontrar Seth, não sei por qual motivo, mas a presença dele me reconfortaria. Olhei ao meu redor com intuito de acha-lo e acabei avistando alguns alunos que também estavam deslocados sozinhos no canto. Uma menina negra e pequena, de cabelos compridos e preto com uma cara de solitária e em volta do pescoço tinha um colar com um pingente de ancora pendurado. E outro, era um garoto loiro de estatura mediana, bem comum comparando aos outros que estavam ao nosso redor digitando no seu celular sem se importar com o resto do mundo.

- Sejam bem-vindos caros alunos. – Sra. Barban, a diretora da Escola encontrava-se em cima do palco com seu vestido longo no tom vinho, da cor das uvas de um vinhedo italiano, ela tinha uma postura ereta e poderosa olhando para lugar algum, apenas parar frente acima de nós. – Eu sou a Diretora da Escola Noite Eterna, Sra. Barban, e desejo as boas-vindas tanto para os alunos novos, quanto para os veteranos.

A sala agora estava em total silêncio, sem nenhum cochicho ou barulhinho. Meus pais e os outros professores localizavam-se enfileirados ao lado da Sra. Barban.

- Esse ano foram admitidos todos os tipos de alunos. Com a intenção de ensinar a vocês a conviver melhor com o mundo lá fora. Suas aulas começarão amanhã, hoje vocês irão se instalar em seus novos quartos e conhecer seus novos colegas. Lembrando que na torre Sul são para as moças e a Torre Norte são dos rapazes. Espero que a estadia de todos aqui presente seja agradável e educativa. Tenham uma Boa tarde. – Foi assim que ela encerou o seu discurso, e todos os alunos foram encaminhados para seus novos dormitórios.


Chegando a porta do meu quarto, tinha uma placa colada com fita adesiva escrito. Alexander Shener e Luci Belmiro. Rezando para que meu colega de quarto fosse decente, porém não acreditava muito nessa possibilidade. Entrei e lá estava ele um garoto alto, com um corpo bem definido marcado pelo uniforme, ele parecia ter saído de um filme ganhador de Oscar, tinha a pele branca estonteante e seu cabelo contemplava um topete preto estilo anos 70. Quando percebeu que eu estava parado na porta, parou de arrumar seus perfumes, que se encontravam alinhados um do lado do outro na penteadeira.

- Você deve ser Alexander Shener. Prazer meu nome é Luci Belmiro. – Sem levantar-se da cadeira ou ao menos estender sua mão para me cumprimentar, ficava me analisando com seus olhos azuis claros, claros até demais.

- Sou eu sim, mas pode me chamar de Alex! – Falei com indiferença, percebi que não seriamos grandes amigos.

- Alex. – Meu apelido saiu em forma de desdém e minha vontade era passar a mão naquela penteadeira e derrubar todos aqueles perfumes importados no chão. – Você vai gostar de Noite Eterna, minhas amigas disseram que é ótimo.

- Ah. Então você já tem amigas aqui! – Decidi ser educado ao invés de ser explosivo.

- Sim, viajamos juntas de vez em quando. Eu e Artémis fomos para semana de moda em Paris o ano passado, acabei encontrando Diana no carnaval do Brasil e Visitei a Chang em Hong-Kong. – Nossa. E pensar que eu mal saí da minha cidade, o cara já deu a volta ao mundo.

- A então vocês frequentam os mesmos grupos.

- Logo serão os seus Querido. – Eu esperava que não, nunca me dei bem com pessoas riquinhas metida a besta.

Sem mais respostas eu apenas sorri. Olhei para a minha cama e minhas coisas estavam em cima dela, comecei a arrumar minhas roupas no guarda-roupa. E quando eu comecei a colocar o lençol na cama, bateram na porta e antes que pudéssemos abrir, uma garota loira que poderia ser uma das Angels da Victoria Secret entrou.

- Luci Querido! Como você está meu grande e maravilhoso gato? – E os dois deram um selinho.

- Estou ótimo Diana. Apenas chateado de não ter um guarda-roupa maior, esse aqui não vai caber nem a metade das minhas roupas.

- Dê graças a Deus! O seu quarto é bem melhor que o meu. – Na verdade todos os dormitórios dos alunos eram praticamente iguais. – Quem é esse aí?

- Dih meu anjo, esse é meu colega de quarto Alex. – Sorri tentando parecer fofo, mas já não gostava de um, quanto mais dois.

- Oi. – Foi o que eu consegui dizer para aquele projeto de loira de farmácia. Ela ficou me encarando e me analisando com aqueles grandes e negros olhos de gato.

- Oi Fofinho. – Seu oi poderia ser menos forçado. – Mas enfim não vim aqui para fazer amizade.

- Dih Honey. Por favor, sem grosserias. – Ele quase conseguiu fingir que se importava comigo.

Ela agarrou o braço dele e continuou.

- Vamos lá ver meu quarto e o das meninas, acredita que a Chang está no mesmo quarto que eu! – Quando eu percebi elas já estavam do lado de fora e eu poderia terminar de organizar minhas coisas em paz.

Mas tarde eu fui ver meus pais e pegar o resto das coisas que eles não trouxeram. Os corredores estavam agora cheios de garotos conversando sobre seus novos aposentos e como foram as férias. Subi a escada imaginando se eu iria sobreviver a isso. Entrei no meu quarto e me joguei na cama pensando onde será que estava Seth, só de pensar nele meu coração palpitava mais rápido, como na primeira vez que nos vimos.

- Oi meu filho você está aí! Gostando do primeiro dia de aula? – Minha mãe apareceu vestindo uma regata e uma saia longa preta.

- Tudo normal mãe, mas preferia nossa cidade antiga.

- Oh meu amor. Você sabe que fizemos isso tudo por você. Você não iria crescer naquela cidadezinha do interior, essas mudanças vão fazer bem a você.

- Não sei como isso aqui iria me fazer bem.

Minha mãe conseguia ser a pessoa mais calma e doce do mundo. Não tinha como discutir com ela.

- Um dia você irá entender por que dessas mudanças. – Ela colocou a mão sobre meu peito e eu me senti melhor. – Você é o nosso bebê milagroso.

- E como está meu filho predileto. – Meu pai entrou no quarto com um sorriso no rosto escorado na porta.

- Pai eu sou seu único filho. – Falei meio que rindo.

- E por isso é meu predileto. Como é arrumar o novo quarto? – Minha mãe me olhou com que dizendo fale que está tudo bem.

- Está legal pai, só meu colega de quarto é meio arrogante, mas eu dou um jeito nele. – Esperando que isso possa realmente acontecer. A última coisa que eu queria era uma briga com um Boneco Ken metido.

- Assim que se fala. – Meu Pai sorriu para mim com uma felicidade que não dava para desapontar.

- Bem, eu vou voltar. Só vim pegar algumas coisas e o meu retrato do Beijo. – Aquela pintura significava muito para mim, foi meu presente de aniversários que meus pais me deram quando eu fiz 15 anos, era um quadro pequeno do Beijo de Klimt.

Minha mãe me acompanhou até a porta do apartamento junto com o meu pai. Dei um beijo nos dois e tornei a descer a escada de novamente. Deixei as coisas no meu quarto e saí.

Queria tomar um ar fresco, ficar em volta da natureza sempre me ajuda a refrescar a mente. Passei de novo pelo hall de entrada e abri aquela imensa porta, mas dessa vez não para fugir apenas para admirar as estrelas e andar um pouco. E com uma esperança de encontrar Seth em algum lugar.


Acompanhe o livro:


Capítulo 02

Capítulo 03

Capítulo 04

Capítulo 05

Capítulo 06

Capítulo 07

Capítulo 08

Capítulo 09

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Capítulo 18

Capítulo 19

Capítulo 20

Epílogo

Anexos

Origem dos personagens

 

Baixe o texto em pdf: clique aqui.

Comentarios


Posts recentes
Siga-nos nas redes sociais
Editoras
Destaques
Tags
Dicas Rápidas

© 2016 por Livros que Li & Gostei

  • Facebook Social Icon
  • Twitter Social Icon
  • Instagram Social Icon
  • Tumblr Social Icon
bottom of page